CRIAÇÃO DE CAVALOS É INDUSTRIA EM
BAGÉ
A conformação topográfica dos
campos da região de Bagé, a fertilidade dos solos e a base vegetal do campo
nativo são os alicerces de uma indústria não-poluente: a “Indústria do cavalo”.
O clima favorável e o número de
horas de luz durante as estações do ano completam o quadro privilegiado de
condições favoráveis para a criação do cavalo Puro-Sangue de Corrida ou
Puro-Sangue Inglês (PSI). A indústria do cavalo ganhou um novo impulso a partir
da chegada dos grandes criadores de PSI, a partir de meados dos anos 70. Até
esse período existiam alguns haras de expressão, mas pouco numerosos. Ainda se
fala, nas rodas turfísticas em animais que foram criados no “Haras Jaguarão”,
comenta-se dos cavalos “dos Martins”. Eram outros tempos e seus plantéis foram
vendidos para outros criadores com o fechamento desses criatórios. Em 1972 foi
criado o Haras Fronteira, de Mário Belmonte Móglia e logo a seguir começaram a
chegar os criadores do centro do país. Iniciava-se, assim, a peregrinação à
Meca do PSI: Bagé, também conhecida internacionalmente como a Kentucky
brasileira (referência ao estado norte-americano onde a criação de cavalos PSI
assumiu contornos de destaque internacional).
Atualmente a região conta com
quase 20 criatórios, as informações dão conta de 16 ou 18 estabelecimentos em
funcionamento.
Fonte de centenas de empregos
diretos, os haras utilizam mão-de-obra local para cerca de 300 postos de
trabalho permanentes. Esse número sobe em mais 50% se forem computados os 150
empregos indiretos que atuam em função quase exclusiva aos haras. São
ferreiros, caminhoneiros, aramadores e outros profissionais liberais que atuam
nestes locais.
O número de cavalos na região
oscila na faixa dos 1700 indivíduos, o que representa cerca de 30% do plantel
nacional.
Essa indústria importante e sem
chaminés lança ao mundo inteiro os seus produtos. Esses cavalos velocistas,
nascidos aqui, estão em todos os continentes. Destacam-se aqueles que foram
disputar corridas na África do Sul e Estados Unidos, principais mercados
compradores. Muito dificilmente retornam ao haras de origem. O mais comum de
acontecer é que voltem ao Brasil onde entram para a reprodução, principalmente
as éguas. Aos garanhões, o descanso nos piquetes de rica pastagem cultivada e
as intensas estações de monta, são o prêmio final, mas apenas se forem
corredores excepcionais.
A mão-de-obra especializada
também é destaque nessa indústria a céu-aberto. Veterinários de grande
prestígio circulam entre cocheiras e piquetes com a árdua missão de cuidar o
plantel de éguas sob sua responsabilidade. Graças ao acolhimento desses
profissionais é que estagiários de várias universidades chegam para aprender e
enriquecer seus currículos.
No cenário turfístico da América
Latina, a produção de cavalos PSI da região só é suplantada, em tamanho e
importância, pelas criações da província de Buenos Aires (Argentina). Mesmo
assim, com freqüência nossos cavalos vencem os deles. Que se há de fazer? A
carreira se ganha na foto.
Fonte: Jornal Minuano - Cláudio Falcão
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