sexta-feira, 27 de julho de 2012

Conhecendo a Cancha da Arvorezinha


Prof. Lisandro Moura

Bagé é uma das poucas cidades do Rio Grande do Sul onde ainda se pode presenciar uma carreira de cavalo na qual se preserva aspectos tradicionais e populares à moda antiga. É onde as carreiras em cancha reta representam um verdadeiro acontecimento performático. Apostadores, criadores, jóqueis, famílias, borrachos formam uma verdadeira comunidade em torno do evento preferido dos gaúchos.

Identificamos na cidade três locais diferentes onde acontecem as carreiras nas tardes de domingo: Cancha do Parque do Gaúcho, Cancha da Arvorezinha e Cancha da Alegria, popularmente conhecida como Cancha do Negrinho. Fizemos uma primeira inserção etnográfica nas carreiras da Arvorezinha. Chegando lá, logo percebemos que se tratava de um lugar com fortes elementos de improviso e de baixa competência profissional, o que torna o ambiente ainda mais interessante para a nossa pesquisa, uma vez que a população é quem legitima um determinado acontecimento. E, de fato, não havia nenhum indício de preocupação por parte da população presente quanto aos aspectos pouco modernizantes da cancha da Arvorezinha. Pelo contrário, pareciam viver intensamente aqueles momentos, cheios de relações sutis entre apostadores, jóqueis e organizadores. A informalidade reina soberana, tornando o evento ainda mais complexo e caótico, cheio de rituais à primeira vista incompreensíveis para quem não vivencia o espaço frequentemente. No post abaixo vocês têm acesso ao relato dos estudantes-pesquisadores sobre essa primeira saída de campo.  Produzimos cerca de 2 horas de imagens em uma câmera de vídeo, que nos ajudou como tentativa de aproximação da realidade observada. A câmera acompanhava o nosso olhar e ajudava a desvendar os  rituais e a compreender os personagens típicos do local, cada um com uma peculiaridade fantástica que transparecia nas ações espontâneas e nos gestos teatrais repletos de sentido.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Pesquisa de Campo


CANCHA da ARVOREZINHA - Bagé RS

No dia 24 de junho de 2012 fomos fazer uma pesquisa na Cancha da Arvorezinha, indicada por dois integrantes do grupo, Otávio Costa e Giuliano Taschetto. Ao chegarmos lá, nos deparamos com algumas pessoas jogando “Jogo do Osso’’ e fazendo suas apostas para a penca. Muitos já estavam embriagados, acompanhados da família, outros a cavalo. E quando olhamos ao longe aquelas crianças se preparando para correr, percebemos que aqueles eram os jóqueis.


Logo, começaram as preparações para a penca, cavalos sendo levados para as caixas com os jóqueis e seguidamente a largada foi dada, as tampas foram abertas e os cavalos dispararam. Os jóqueis fazendo o possível para avançar e chegar em 1º no final da cancha de 300 metros. Mas a primeira partida foi anulada, porque uma tampa demorou para abrir, sendo assim foi feita outra penca. No dia foram realizadas duas carreiras. A de desempate normalmente fica para outro dia.

No final, depois de muitas discussões e desavenças os apostadores vitoriosos pegaram suas apostas. Os valores frequentemente não sem limites: apostam casas, campos e entre outras coisas em jogo.



As apostas são feitas como um leilão, cada apostador joga seu preço no cavalo, e no final os valores entre todos os cavalos são somados. Depois o valor é dividido entre os apostadores que apostaram no cavalo ganhador.


As carreiras em Bagé são realizadas normalmente nos domingos, que já é tradição e rotina na cidade.

Existem varias canchas em Bagé, as mais conhecidas são a da Arvorezinha, Negrinho (Cancha da Alegria) e no Parque do Gaúcho.



segunda-feira, 16 de julho de 2012

INFORMAÇÕES²


por: Ana Paula Ribeiro

06/07/2012

Centro de Treinamento de PSI vai beneficiar mais de 50 criadores da raça

Os criadores e proprietários de cavalos Puro-sangue Inglês (PSI) de Bagé e região estão com grandes expectativas para a inauguração do futuro Centro de Treinamento de PSI.

O município, que é conhecido nacionalmente por ser berço de grandes campeões do turfe, é responsável por 40% da produção dessa raça no país, e se destaca entre os criadores da América do Sul.

O espaço cedido pela prefeitura, em uma área situada no Parque do Gaúcho, já está em processo de obras. A iniciativa é uma parceria entre a Associação Bajeense de Puro-sangue (ABPS) e o governo municipal.

As obras continuam em pleno processo de desenvolvimento, e a primeira fase da terraplanagem executada pela prefeitura já foi concluída. “Os recursos investidos ficaram entre a mão de obra e o maquinário. Além dos 70 bueiros que serão instalados para a drenagem do local” informa o vereador e incentivador do projeto, Paulinho Parera.

Vão ser construídas, na área, cerca de 100 cocheiras, redondéis, espaço para leilões e eventos, pista de corrida com mil metros, além da estrutura auxiliar para o desenvolvimento das atividades, como duchas e caminhadores. “Essa é a hora de conseguirmos ter, pela primeira vez, um centro de treinamentos para a região” diz o presidente da Associação Bajeense de Puro-sangue, Julliano Viana Pacheco.

Um dos pontos positivos salientados por Pacheco é a geração de empregos que o setor vai manter na cidade e região. “Serão mais de 50 criadores beneficiados aqui na região. Temos em torno de 800 funcionários que trabalham diretamente na reprodução desses animais. A construção desse centro irá gerar emprego direto e indireto, desenvolvimento socioeconômico, assim como atrair futuros investidores. A nossa expectativa é trabalhar com cerca de 300 cavalos” diz.

Existem, hoje ,aproximadamente 20 haras em atividade na região de Bagé. A estimativa é que até o início de 2013 esteja concluído o trabalho. Serão investidos R$ 500 mil pelo setor privado para serem aplicados em toda a infraestrutura necessária para o desenvolvimento das atividades.






INFORMAÇÕES


CRIAÇÃO DE CAVALOS É INDUSTRIA EM BAGÉ

A conformação topográfica dos campos da região de Bagé, a fertilidade dos solos e a base vegetal do campo nativo são os alicerces de uma indústria não-poluente: a “Indústria do cavalo”.

O clima favorável e o número de horas de luz durante as estações do ano completam o quadro privilegiado de condições favoráveis para a criação do cavalo Puro-Sangue de Corrida ou Puro-Sangue Inglês (PSI). A indústria do cavalo ganhou um novo impulso a partir da chegada dos grandes criadores de PSI, a partir de meados dos anos 70. Até esse período existiam alguns haras de expressão, mas pouco numerosos. Ainda se fala, nas rodas turfísticas em animais que foram criados no “Haras Jaguarão”, comenta-se dos cavalos “dos Martins”. Eram outros tempos e seus plantéis foram vendidos para outros criadores com o fechamento desses criatórios. Em 1972 foi criado o Haras Fronteira, de Mário Belmonte Móglia e logo a seguir começaram a chegar os criadores do centro do país. Iniciava-se, assim, a peregrinação à Meca do PSI: Bagé, também conhecida internacionalmente como a Kentucky brasileira (referência ao estado norte-americano onde a criação de cavalos PSI assumiu contornos de destaque internacional).

Atualmente a região conta com quase 20 criatórios, as informações dão conta de 16 ou 18 estabelecimentos em funcionamento.

Fonte de centenas de empregos diretos, os haras utilizam mão-de-obra local para cerca de 300 postos de trabalho permanentes. Esse número sobe em mais 50% se forem computados os 150 empregos indiretos que atuam em função quase exclusiva aos haras. São ferreiros, caminhoneiros, aramadores e outros profissionais liberais que atuam nestes locais.

O número de cavalos na região oscila na faixa dos 1700 indivíduos, o que representa cerca de 30% do plantel nacional.

Essa indústria importante e sem chaminés lança ao mundo inteiro os seus produtos. Esses cavalos velocistas, nascidos aqui, estão em todos os continentes. Destacam-se aqueles que foram disputar corridas na África do Sul e Estados Unidos, principais mercados compradores. Muito dificilmente retornam ao haras de origem. O mais comum de acontecer é que voltem ao Brasil onde entram para a reprodução, principalmente as éguas. Aos garanhões, o descanso nos piquetes de rica pastagem cultivada e as intensas estações de monta, são o prêmio final, mas apenas se forem corredores excepcionais.

A mão-de-obra especializada também é destaque nessa indústria a céu-aberto. Veterinários de grande prestígio circulam entre cocheiras e piquetes com a árdua missão de cuidar o plantel de éguas sob sua responsabilidade. Graças ao acolhimento desses profissionais é que estagiários de várias universidades chegam para aprender e enriquecer seus currículos.

No cenário turfístico da América Latina, a produção de cavalos PSI da região só é suplantada, em tamanho e importância, pelas criações da província de Buenos Aires (Argentina). Mesmo assim, com freqüência nossos cavalos vencem os deles. Que se há de fazer? A carreira se ganha na foto.

Fonte: Jornal Minuano - Cláudio Falcão

2º entrevista do Projeto Integrador





No dia 15 de julho de 2012, a integrante do grupo Judiélen Leal entrevistou José Niel Leal 76 anos, seu avô, criador e apostador _ cavalos de carreiras. A entrevista foi feita em Aroeira – Segunda Zona de Pinheiro Machado. Ele relatou como era as Carreiras em sua época:

“De primeiro as reuniões de cancha reta nossa aqui, começavam sábado e já iam para o acampamento era churrasco meio dia, e de noite ficava acampado na cancha no mato, pra noutro dia desempatar, então aquilo era uma tradição que a gente tinha, era um gosto encontrar os amigos, ali passar o final de semana conversando e a criançada correndo e brincando; era a tradição do gaúcho. Agora não... nas pencas só se veem carro, não se vê gente a cavalo é muito pouco, e aquilo é questão de uma hora, correu e vão embora”, diz Leal.
 

José, sempre gostou de cavalos, mas se envolveu mais aos seus 22 anos quando estava no quartel, onde era Cavalarisso, cuidava de cavalos para Polo e vareador (trabalhava cavalos na pista) quando deu baixa (saiu). Começou em 1957 na cidade de Rio Grande, a comprar cavalos e potrancos “prontos” corredores e cuidar para as carreiras, onde participou de várias incluindo Bagé, Dom Pedrito, Capão Novo e outras cidades; José ressaltou: “Perdi algumas, mas ganhei muitas”. 

Explicou também que o tratador e o vareador eram pagos, e o proprietário somente levava e investia no seu cavalo.




Esta foto estava pendurada em um quadro na sua sala, e perguntamos o que significava para ele.



“Esta foto representa muito pra mim, era minha tradição, meu esporte, é um marco do meu tempo”, diz José Leal.